segunda-feira, 21 de novembro de 2011

ENSAIO





Estou me vestindo de sol
E esperança.
Estou me preparando
Para quando a felicidade
Chegar
Com duas doses de cinismo,
Três dias seguidos de sol
E nenhuma gota sequer
Do sumo do limão.

[Mas por que será que não percebeu
Que o verdadeiro amor mora
Justamente naquele milésimo
Instante entre o sono
E o despertar,

Mas por que será que não percebeu?]

Estou quase pronto
Falta um prego aqui,
Outro acolá,
E mais uma pá de cal
No pretérito imperfeito
Sete palmos a baixo
Do que se entende
Chão.

[Mas por que será que não me escolheu
Para com você acompanhar
O derradeiro entardecer
Pouco antes de todo céu
Desabar,

Mas porque será quem não me escolheu?]

Estou tão bem
Que nem me reconheço mais
Punho cerrado
Durante murro em ponta de faca.
Nem a dor dói tanto como antes.
Até parece que conheço enfim
O meu tão agradado dia de sorte.

[Mas porque será que não me ouviu
Mesmo quando gritei
A plenos pulmões
Que a estrada vista da janela
Era uma estrada para dois
Com um coração apenas,

Mas por que será que não me ouviu?]

Mas, agora tudo é uma questão de tempo,
Colocar a semente na terra,
Aguar e esperar germinar,
Colocar a comida no fogo,
Me sentar e esperar cozinhar.
Tomar um cálice de tinto,
Três gramas de ácido
E nada com gosto de sal deixar
Escapar dos olhos.

É.
É isso mesmo.