sábado, 27 de agosto de 2011

O SORRISO DE ANDRÉ




Eu me coloco diante do meu pôr-do-sol, preparo as minhas armas e o observo se aproximando. Todo dia a mesma rotina. Todo dia da mesma forma.
Mas ele fica lá, sorrindo, despreocupado, zombando de mim, Não dá um passo além. Não dá um passo atrás.
E a noite nunca chega.
Eu me desaponto diante dessa minha fraqueza, engulo a minha raiva e o observo se afastando. Todo dia a mesma jornada. Todo dia da mesma forma.
E assim como quem espera pelo inimigo que nunca chega, nunca ataca e parece sequer existir, sinto a ferrugem fazer profundas cicatrizes em minha espada. Vejo o vento rasgar lentamente insígnias de minha bandeira. E deixo o desânimo horizontar a segurança do meu escudo.
Então me ajoelho e rezo para que ele avance contra mim, não pare no tempo e venha. Não mais humilhe minha coragem e venha. Venha logo e com ele traga também todo o escuro. Venha e leve de uma vez por todas a minha vida ou pereça enfim sob meu sabre.
Mas, não há um passo alem. Não há um passo atrás e novamente outra noite não chega.
E novamente desapontado, mas firme na ciência da repetição das horas, eu me coloco diante do meu pôr-do-sol, preparo as minhas armas e o observo se aproximando. Para mais um dia da mesma rotina. Para mais um dia da mesma espera de um amanhã que nunca, nunca chega.

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