terça-feira, 10 de maio de 2011

DANÇANDO COM A MORTE NA RUA DO MENINO COM OLHAR DESCONCERTANTE

Morri três vezes antes de morrer realmente:
Quando subi ao palco pela primeira vez
Porque alguém disse que eu tinha talento
E nisso acreditei;
Quando a mais longa das guerras terminou
E uma suja medalha pelo sangue e circo
No peito coloquei;
E quando procurei o seu olhar desconcertante,
Que me inspirou por toda minha vida
E ele tinha para mim diminuído o encanto.

Depois, morrer de morte morrida,
Foi dos destinos o que melhor me aliviou.

E então entendi o amargo nas palavras
E o olhar distante dos sobreviventes,
Posto que, ao saber do Leste vindo veloz
No retrovisor da minha carruagem,
Em breve eu deixaria de ser o último deles.

Nenhum comentário: