terça-feira, 10 de maio de 2011

DEITADO SOB UM CÉU ESTRELADO

O respeitado e sisudo manual de novecentas páginas, capa de couro, editado pela mais conceituada editora no ramo, e que melhor trata do assunto, declara que sucesso é trabalhar arduamente em prol de um objetivo. Mais à frente, em outro de seus longos capítulos, encerra o assunto afirmando que, depois de todo o sofrimento é preciso se conformar por ter cruzado a tal linha de chegada.
“Ah, foi um choque para todos!”. Esse era o eco entre todos os desavisados.
Ele tinha nome, tempo, talento, endereço, profissão, cultura, instrução, prestígio, catequização, amigos e amores, muitos amores. Tinha sempre a melhor opção, sábia o que queria e tinha o que queria. O que mais alguém poderia querer? O que mais?
“Estamos todos ainda surpresos”. Essa era a voz de todos os seus familiares.
Ele tinha fama, sorte, poder, a vez, a voz, o espaço, decência, beleza, um passado e de presente um futuro mais do que promissor. Criou conceitos e guiou multidões. O sucesso sempre fora sua marca registrada e o mundo vivia aos seus pés. Lutara arduamente para chegar onde estava. Tanto esforço, tanto. De tudo agora só cinzas. Só as cinzas.
O mais caro e, por tabela, o mais vendido livro de autoajuda do momento diz que, felicidade é conseguir o que se quer e depois, sentir-se realizado com tal conquista.
“Ah, não há explicação convincente”. Repetia o coro dos inconformados.
Tudo, tudo mesmo, sempre esteve bem, tudo bem, tanto que, quem morava ao longe nunca entendeu, sequer percebeu que nas vezes que chovia na cidade, chuva e lágrimas se confundia e se perdiam por caminhos solitários.
Bem, talvez tenha no final conseguido o que queria, porque até agora ninguém sabe ao certo por qual razão ele fez o que fez consigo.
“Ah, foi uma pena! Ele vai fazer tanta falta”. Isso era o que mais se ouvia durante a sua partida.
Mas o que ninguém sabia é que às vezes, palavras escritas não calam o silêncio que diz tudo. Não, não calam.

Nenhum comentário: